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Disputa Brasil x Uruguai: como é a vida no povoado brasileiro contestado por país vizinho

Parque eólico no RS faz ressurgir disputa territorial centenária entre os dois países sobre território em Santana do Livramento, onde cerca de 500 pessoas m...

Disputa Brasil x Uruguai: como é a vida no povoado brasileiro contestado por país vizinho
Disputa Brasil x Uruguai: como é a vida no povoado brasileiro contestado por país vizinho (Foto: Reprodução)

Parque eólico no RS faz ressurgir disputa territorial centenária entre os dois países sobre território em Santana do Livramento, onde cerca de 500 pessoas moram. Brasil ou Uruguai? Qual país é dono desse território? A contestação do governo uruguaio sobre um território sob domínio brasileiro, na fronteira entre o Brasil e o Uruguai, reacendeu a curiosidade sobre a Vila Thomaz Albornoz, localizada no interior de Sant’Ana do Livramento, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp O povoado faz divisa com uma área conhecida como Rincón de Artigas, na localidade de Masoller, no departamento de Rivera, no Uruguai. Separados por uma fronteira seca, os dois países compartilham a região disputada, que abriga cerca de 517 moradores. É comum encontrar pessoas que vivem no lado brasileiro, mas trabalham no lado uruguaio — são os chamados “doble chapa”, por terem documentação nos dois países. “Morar aqui é uma maravilha, tem pouco movimento”, conta Gabriel Henrique Camargo, que tem dupla nacionalidade — brasileira e uruguaia. Moradores escolhem em qual país estudar No território contestado, os moradores podem escolher em qual país estudar. No lado brasileiro, a Escola General Bento Gonçalves atende 16 alunos com apenas uma professora responsável por todas as séries. Já no lado uruguaio, a Escola Rural Número 79 tem cerca de 50 estudantes, com ensino em tempo integral. Além de ter mais professores, algumas aulas específicas contam com reforço extra. O inglês é oferecido com uma professora em tempo real, pela internet. Uma das professoras da escola uruguaia também vive a realidade singular da região. Casada com um brasileiro e morando no lado brasileiro da vila, atravessa diariamente a fronteira seca para dar aulas. “Minha casa está do lado do Brasil, meu esposo é ‘doble chapa’ e convivemos com isso”, conta Gisela Dutra. Mesmo com ensino técnico disponível, quem deseja cursar o ensino superior precisa deixar o povoado. É o caso de Santiago Santos, que está finalizando um curso técnico pela Universidade do Trabalho do Uruguai (UTU). “Eu penso em ir embora para fazer minha vida, o meu caminho. Quero sair daqui”, afirma. Tomaz Albornoz, área em Santana do Livramento reivindicada pelo Uruguai Reprodução/RBS TV Usina eólica A instalação de uma usina eólica na região reacendeu a disputa territorial entre os dois países, mas também trouxe melhorias para o lado brasileiro. Onde antes havia postes de madeira, hoje há estruturas de concreto e novos transformadores de energia, garantindo maior estabilidade no fornecimento. Antes, era comum que a comunidade ficasse sem energia elétrica toda semana, relatam os moradores. Como funcionam saúde, segurança e comércio A maioria dos serviços públicos do povoado está no lado uruguaio, como o posto policial e a policlínica de Masoller — onde tanto uruguaios quanto brasileiros recebem atendimento. “A gente oferece o primeiro atendimento. Se é uma consulta, ligamos para o médico ou levamos para a emergência”, explica a enfermeira Carla Martins. Se o paciente for brasileiro, é encaminhado à Santa Casa de Sant’Ana do Livramento. Se for uruguaio, ao Hospital de Rivera. Com a desvalorização do real frente ao peso uruguaio, é mais vantajoso para os uruguaios consumirem no lado brasileiro. Na Vila Thomaz Albornoz, há um comércio típico de interior, que vende desde produtos de mercado até itens de ferragens. Tranquilidade O casal Wilson Borba e Fabiana Marques veio de Montevidéu e decidiu morar na vila por considerá-la mais tranquila para criar os filhos. Eles sustentam a família vendendo lanches. “Além de mais tranquilo, é mais barato para criar os filhos também. Na capital é muito complicado, por causa da segurança e do custo de vida”, diz Wilson. “Não se compara com nenhum outro lugar. Masoller é um mundo à parte — um pequeno povoado escondido, mas em termos de segurança, é único. Mais tranquilo do que qualquer outro lugar”, complementa Fabiana. Mapa mostra a área contestada pelo Uruguai na fronteira com o Brasil Gui Sousa Brasil e Uruguai disputam território na região do RS há quase 100 anos VÍDEOS: Tudo sobre o RS

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